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Adrenoleucodistrofia Ligada ao X (X-ALD) e sua associação com a FIV

  • Foto do escritor: Dr. Vinicius Medina Lopes
    Dr. Vinicius Medina Lopes
  • 24 de mar.
  • 4 min de leitura

A Adrenoleucodistrofia Ligada ao X (X-ALD) é uma condição genética rara, mas com implicações graves para a saúde.

Por ser uma doença ligada ao cromossomo X, a X-ALD afeta principalmente os homens, enquanto as mulheres geralmente são portadoras assintomáticas ou apresentam sintomas mais leves.

A reprodução assistida pode ser uma aliada importante nesses casos, permitindo a realização de técnicas como o diagnóstico genético pré-implantacional (PGT), que identifica embriões livres da mutação antes da transferência para o útero.

Vamos entender um pouco mais sobre essa condição?

 

 

HISTÓRIA REAL

 

A Fertilização In Vitro (FIV) como Alternativa para Casais com Histórico de X-ALD

 

A FIV, quando associada ao diagnóstico genético pré-implantacional (PGT), oferece uma opção promissora para casais com histórico de Adrenoleucodistrofia Ligada ao X (X-ALD) que desejam aumentar a família sem transmitir a doença para os filhos. Neste cenário, o aconselhamento genético desempenha um papel fundamental, permitindo a identificação de embriões livres da mutação genética antes da transferência para o útero da mulher.

 

Em um caso real atendido pelo Dr. Vinicius Medina Lopes, uma paciente já havia dado à luz dois filhos com a doença, e o caçula ainda não apresentava os sintomas. Após o diagnóstico, ficou claro que a única alternativa curativa seria o transplante de medula óssea, que não era viável no momento por não encontrarem doadores compatíveis, nem dentro do círculo familiar. Foi então que o casal, com o suporte da equipe médica, decidiu realizar uma fertilização in vitro com PGT, garantindo que o embrião transferido para o útero fosse saudável e livre da mutação.

Mais do que a questão da prevenção, a FIV também pode ser uma estratégia para garantir o tratamento futuro de um filho afetado pela X-ALD. No caso descrito, o irmão mais novo, saudável, que nasceu da FIV, foi capaz de se tornar o doador compatível de medula para o caçula, oferecendo uma possibilidade real de cura para a doença. Após o nascimento, o procedimento de coleta de células-tronco foi realizado com sucesso, proporcionando ao menino a chance de tratar a doença e interromper sua progressão.

Essa abordagem não só evita a transmissão da doença para a próxima geração, como também oferece uma solução terapêutica inovadora para os casos já afetados. A FIV com PGT se apresenta, assim, como uma ferramenta poderosa na luta contra a X-ALD, permitindo o planejamento familiar responsável e a busca pela cura através da medicina reprodutiva.



Adrenoleucodistrofia

 

 

Como a X-ALD Afeta o Organismo?

 

Os sintomas da X-ALD estão diretamente relacionados ao acúmulo de uma substância, chamada de ácidos graxos de cadeia muito longa, ou VLCFA, que impactam especialmente três áreas principais:

 

  1. Cérebro: O VLCFA compromete a bainha de mielina, estrutura responsável por proteger os neurônios e garantir a transmissão eficiente dos impulsos nervosos. O dano progressivo à mielina leva à neurodegeneração, causando sintomas como dificuldades cognitivas, problemas de comportamento, perda de habilidades motoras, convulsões e, em estágios avançados, comprometimento grave das funções neurológicas.


  2. Glândulas suprarrenais: a doença pode causar insuficiência adrenal, também conhecida como Doença de Addison, devido ao acúmulo de VLCFA nessas glândulas. Isso leva à produção inadequada de hormônios essenciais, resultando em fadiga crônica, perda de peso, baixa pressão arterial, hiperpigmentação da pele, dores abdominais e desequilíbrios eletrolíticos.


  3. Medula espinhal: o acúmulo de VLCFA também afeta a medula espinhal, provocando sintomas motores como fraqueza progressiva nas pernas, espasticidade (rigidez muscular), dificuldade de coordenação e problemas de equilíbrio, impactando significativamente a mobilidade e qualidade de vida.

 

Quando os Sintomas Aparecem?


A idade de início e a gravidade variam:


  • Forma cerebral infantil (4-10 anos) → Progressão rápida e grave.

  • Adrenomieloneuropatia (AMN) (adultos) → Progressão lenta, sem envolvimento cerebral significativo.

  • Insuficiência adrenal pode ocorrer isoladamente em qualquer idade.


O diagnóstico precoce é essencial para iniciar tratamentos que possam retardar ou interromper a progressão da doença.


Diagnóstico e Tratamento


O diagnóstico da X-ALD envolve exames genéticos e testes laboratoriais para medir os níveis de VLCFA no sangue. O tratamento é voltado para o controle dos sintomas e a prevenção da progressão da doença, podendo incluir reposição hormonal para a insuficiência adrenal, terapias físicas e ocupacionais para a reabilitação motora, além de monitoramento neurológico.

Em casos selecionados, o transplante de células-tronco hematopoiéticas tem se mostrado uma alternativa promissora para interromper a progressão neurológica da X-ALD, principalmente quando realizado nas fases iniciais da doença.

 

Quando Indicar o Transplante?


O transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) é indicado para a forma cerebral precoce da Adrenoleucodistrofia Ligada ao X (X-ALD), mas deve ser feito no momento certo para ter melhores chances de sucesso.

O transplante não reverte os danos já causados, mas pode impedir ou retardar a progressão da neurodegeneração. Por isso, o diagnóstico precoce e o monitoramento são essenciais.

Os critérios principais para a realização do transplante são:


✅ Crianças com X-ALD cerebral precoce


  • Idade entre 4 e 10 anos (idealmente antes dos 8 anos).

  • Poucos ou nenhum sintoma neurológico evidente (fase inicial).

  • Lesões cerebrais detectadas na ressonância magnética com pontuação entre 0,5 e 9 na escala de Loes.

    • Pontuação ≤ 9: O transplante tem boas chances de interromper a progressão da doença.

    • Pontuação > 9: O risco de complicações aumenta, e a eficácia do transplante diminui.


✅ Adolescentes e adultos jovens com X-ALD cerebral

  • Pode ser considerado em casos iniciais, antes da progressão grave das lesões cerebrais.


🚫 O transplante NÃO é recomendado para:


  • Adrenomieloneuropatia (AMN) (forma adulta sem envolvimento cerebral significativo).

  • Pacientes com lesões cerebrais avançadas  


Outras Opções


Se o TCTH não for viável, a terapia gênica pode ser considerada como alternativa.

A Adrenoleucodistrofia Ligada ao X é uma condição complexa, mas o diagnóstico precoce e o acompanhamento especializado podem fazer toda a diferença na qualidade de vida dos pacientes. Para casais em busca de planejamento familiar, a reprodução assistida associada ao aconselhamento genético é um caminho seguro para evitar a transmissão da doença aos descendentes. Consulte sempre um especialista em reprodução humana para orientações personalizadas e seguras.


Agende uma consulta para entendermos como podemos te ajudar!




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